Sexta-feira, 28 de novembro
Emprego formal despenca no Brasil e 58 FIDCs revelam exposição bilionária ao Master
A sexta-feira foi marcada por uma combinação de cautela e volatilidade nos mercados. O Ibovespa encerrou o dia em leve queda de 0,12%, ainda assim acumulando alta de 5,90% no mês. A CVC liderou as altas do pregão com avanço de 6,86%, enquanto Hapvida novamente apareceu entre as maiores quedas, recuando 5,30%. Três papéis chamaram atenção pelo volume atípico de negociação: Hypera, Fleury e Raízen, sinalizando movimentos específicos de fluxo em meio a um dia de menor apetite por risco.
No noticiário corporativo e institucional, a GRU Airport arrematou 12 aeroportos regionais em um leilão promovido pelo Ministério de Portos e Aeroportos, ampliando sua presença no setor de infraestrutura aeroportuária. Já o Grupo Fit, controlador da refinaria de Manguinhos, foi alvo de uma operação que investiga suspeitas de fraude fiscal bilionária, movimentação que pode gerar novos desdobramentos regulatórios.
O cenário econômico doméstico trouxe um dado preocupante: o Brasil gerou apenas 85.147 empregos formais em outubro, número muito inferior aos 213.002 registrados em setembro. O resultado acendeu alertas sobre uma possível desaceleração mais forte no mercado de trabalho e reforçou apostas de um corte de juros na reunião do Copom em janeiro — expectativa que já vinha sendo ventilada, mas ganha força com a deterioração no ritmo de contratações.
Outro movimento relevante no varejo foi da Chilli Beans, que contratou assessoria para vender uma fatia de 30%. Com 26% do mercado de óculos de sol no país, a empresa tem intensificado sua atuação em óculos de grau, apoiada no diagnóstico de que estamos vivendo uma verdadeira “epidemia de miopia”, como afirma Caito Maia, impulsionada pela exposição cada vez maior às telas.
A inflação também continuou no centro das conversas. O IGP-M registrou a primeira queda em 12 meses desde 2024, acumulando recuo de 0,11% no período. Apesar disso, a pergunta que sempre fica — se o aluguel vai cair com esse movimento — permanece com a mesma resposta resignada de sempre.
Mas o capítulo mais sensível do dia veio do sistema financeiro. Um total de 58 FIDCs, somando patrimônio de R$ 3,9 bilhões, revelaram exposição ao Banco Master. O tema, que domina o noticiário desde a liquidação da instituição, continua ganhando novas camadas de risco e pressionando gestores a reavaliar posições, estruturas e liquidez. Em paralelo, a Caixa divulgou previsão de R$ 1 trilhão em crédito imobiliário para a próxima década, reforçando a perspectiva de expansão contínua do setor.
No fronte corporativo, Itaú e Vale anunciaram distribuições bilionárias de dividendos, mantendo o ritmo de retorno significativo ao acionista. E, na Argentina, a Raízen avança nas negociações para vender ativos avaliados em mais de US$ 1 bilhão, segundo fontes próximas ao tema.
No agronegócio, os sinais são mistos. A Cotribá, uma das cooperativas mais tradicionais do Rio Grande do Sul, entrou com pedido de proteção judicial para evitar bloqueios em meio a uma dívida de R$ 1 bilhão, revelando fragilidades em algumas estruturas regionais. A China cancelou uma carga de soja brasileira e suspendeu cinco unidades de processamento após suspeita de contaminação, adicionando tensão ao setor. Por outro lado, a produção de carne de frango pode alcançar um novo recorde em 2026, de acordo com projeções atualizadas.
A semana termina com um mercado dividido entre sinais de fragilidade no curto prazo — especialmente no emprego e no sistema financeiro — e perspectivas positivas em setores específicos, mostrando que a economia segue em um equilíbrio delicado entre avanço e cautela.