O pregão desta quinta-feira foi marcado por forte movimento na Bolsa brasileira. O Ibovespa encerrou o dia em alta de 1,70%, acumulando um avanço de 6,03% no mês. Entre os destaques, a Rumo liderou as altas com 9,14%, impulsionada por uma notícia que movimentou o mercado: a compra, pela Ultrapar, de uma fatia próxima a 5% das ações da companhia, cuja principal acionista é a Cosan. Do lado oposto, Hapvida registrou a maior queda do dia, recuando 7,15%.
No radar dos investidores, três papéis chamaram atenção pelo volume de negociação muito acima da média: Rumo (RAIL3), Hypera (HYPE3) e Eneva (ENEV3). O movimento reforçou o clima de volatilidade moderada que marcou a sessão, com investidores acompanhando tanto o cenário doméstico quanto fatores externos.
O noticiário corporativo também trouxe novidades relevantes. A BHub, plataforma de gestão financeira para pequenas e médias empresas, anunciou a compra da Agrocontar, o maior escritório de contabilidade do setor agro, ampliando sua presença num segmento que segue em forte competição e consolidação.
No cenário brasileiro, a CBF oficializou a criação do Fair Play Financeiro para os clubes de futebol, que entrará em vigor em 2026. O modelo prevê três janelas de monitoramento por ano e estabelece limites de déficit. Na Série A, o teto será de R$ 30 milhões ou 2,5% das receitas, prevalecendo o valor maior. Caso um clube apresente prejuízos operacionais, aportes de capital poderão ser realizados para regularização. A regra ainda introduz limites para despesas com elencos, buscando maior sustentabilidade financeira no esporte.
Outro movimento que repercutiu no mercado foi o rebaixamento dos ratings do BRB pela Fitch. A agência citou “graves deficiências” após a liquidação do Banco Master, o que acendeu um sinal de alerta entre investidores, especialmente nos canais de distribuição, onde o comportamento de pânico ficou evidente. Muitos tentaram se antecipar aos riscos correndo para ativos cobertos pelo FGC — em alguns casos, aceitando deságios elevados para saírem rapidamente das posições.
Além disso, o Tesouro Nacional informou um superávit de R$ 36,5 bilhões em outubro, reforçando um quadro fiscal mais favorável no curto prazo. A área habitacional também teve novidade relevante: o Conselho autorizou o uso do FGTS para aquisição de qualquer imóvel de até R$ 2,25 milhões, ampliando o alcance do fundo. Já o IPCA-15 de novembro avançou 0,2%, acima das expectativas, reacendendo debates sobre trajetória inflacionária.
No setor energético, um grupo turco entrou na disputa pela termelétrica da EDF, competindo diretamente com os irmãos Batista. No agro, o Banco da Amazônia reportou queda de quase 30% no lucro, impactado pela atividade mais fraca do setor, enquanto a Deere revisou para baixo sua previsão de lucro e disse esperar que 2026 seja o ano mais fraco do ciclo — declaração que pressionou suas ações, que recuaram mais de 5%. Já a Lavoro segue movimentando seu tabuleiro estratégico, negociando a venda da divisão Crop Care e anunciando mudanças em sua liderança.
No cenário internacional, os Estados Unidos decidiram estender por mais tempo as exclusões tarifárias de uma lista de produtos industriais chineses, incluindo itens usados em equipamentos de geração solar, aplicações médicas e setores industriais. As autorizações venceriam no dia 29, e a prorrogação reduz a pressão sobre cadeias produtivas que ainda lidam com volatilidade pós-pandemia.
A quinta-feira, portanto, trouxe um prato cheio para investidores e profissionais do mercado: decisões regulatórias importantes, ajustes de classificação de risco, movimentos corporativos relevantes e dados econômicos que reforçam debates sobre os próximos passos da política monetária e da atividade global.