O mercado brasileiro encerrou mais um dia em queda. O Ibovespa recuou -0,34%, acumulando no mês baixa de -1,10%. A maior alta foi de Cosan (CSAN3), que disparou +8,00% após notícias de movimentações em seus ativos, enquanto a maior queda ficou com Brava Energia (BRAV3), que recuou -2,97%. Entre os volumes atípicos de negociação, destacaram-se ABEV3 (3x acima da média), CSAN3 e FLRY3, refletindo forte movimentação de investidores.
Brasil: BC barra fusão e Tesouro faz captação recorde
O grande destaque do dia foi a decisão do Banco Central de rejeitar a compra do Master pelo Banco de Brasília (BRB). A operação, que vinha sendo analisada desde março e previa a venda de 58% do Master, era vista como uma saída para equilibrar o balanço da instituição, mas foi considerada inviável pelo regulador. O veto mostra o rigor do BC em avaliar riscos de concentração e de solidez do sistema.
No campo fiscal, o governo anunciou um adiamento por dois meses no pagamento de tributos para empresas do Simples Nacional afetadas pelo tarifaço americano. A medida dá fôlego momentâneo a exportadores de menor porte, que ganharam até novembro e dezembro para recolher impostos que venceriam em setembro e outubro.
Outra notícia relevante foi a realização de um leilão extraordinário do Tesouro Nacional, que captou quase R$ 18 bilhões em títulos de longuíssimo prazo. O movimento foi impulsionado pela demanda aquecida por NTN-Bs (títulos atrelados ao IPCA), diante de expectativas inflacionárias e busca por proteção real de investidores institucionais.
No setor corporativo, a Raízen busca novo sócio para reforçar sua estrutura de capital, pressionada pelo alto endividamento. A Cosan, sua principal acionista, também enfrenta dificuldades financeiras e não pretende injetar novos recursos. Entre os interessados na fatia estão gigantes japoneses como Mitsui e Mitsubishi, além de grupos nacionais como BTG e Itaúsa.
Enquanto isso, no setor automotivo, as vendas de veículos caíram 5,9% em agosto, mesmo após a manutenção do IPI zerado. Já na aviação, o Cade deu 30 dias para Gol e Azul notificarem o acordo de compartilhamento de voos, que pode redesenhar a competição no setor.
Agro: pressão internacional
O agronegócio brasileiro segue em campo defensivo. Entidades do setor realizam audiências em Washington na tentativa de reverter as tarifas impostas pelos EUA. O movimento busca preservar a competitividade de produtos brasileiros em um mercado crucial. Ao mesmo tempo, projeções da BrasilAgro apontam para uma tendência de queda nos preços da terra, reflexo do ambiente de crédito restrito e da pressão regulatória externa.
Mundo: comércio, energia e geopolítica
No cenário internacional, a Comissão Europeia avançou para a fase final de aprovação do acordo comercial com o Mercosul, tratado que promete ser o maior já firmado pela UE. A medida tem como objetivo reduzir a dependência da China e compensar perdas provocadas pelas tarifas de Trump. A França, que vinha sendo o principal entrave, recuou após conseguir impor limites às importações agrícolas.
No setor financeiro, a BlackRock perdeu a gestão de US$ 17 bilhões de um fundo de pensão da Holanda, em meio a pressões de ONGs locais sobre sua postura climática. A decisão reforça os desafios crescentes enfrentados por grandes gestoras diante do embate entre compromissos ESG e pressões políticas globais.
Nos Estados Unidos, Trump elevou o tom contra a União Europeia, afirmando que pode rever acordos em função do processo judicial que envolve tarifas comerciais. Paralelamente, no setor energético, mercados paralelos de petróleo vêm neutralizando as tarifas impostas à Índia, o que demonstra a dificuldade prática de implementar barreiras em commodities globais.
Por fim, a guerra na Ucrânia voltou a escalar: a Rússia lançou uma ofensiva com 500 drones e 24 mísseis durante negociações de paz, sinalizando que ainda não há consenso diplomático à vista.