O Ibovespa fechou a quinta-feira em alta de +0,82%, acompanhando o alívio externo após novos cortes de juros em economias desenvolvidas. No mês, o índice acumula avanço de +1,64%, sustentado principalmente pelo bom desempenho das ações de varejo e energia. Pão de Açúcar (PCAR3) liderou as altas do dia, com +5,63%, enquanto MBRF (MBRF3) caiu -7,84%.
No Brasil, o foco se voltou para o alerta das montadoras, que comunicaram ao governo risco de paralisação nas linhas de produção por nova escassez de chips semicondutores — um déjà-vu da crise vivida durante a pandemia. A Câmara dos Deputados aprovou medidas que revisam gastos do governo, parte da estratégia de ajuste fiscal discutida para o orçamento de 2026. No front corporativo, o Carrefour vendeu 22 imóveis e alugou os mesmos pontos por no mínimo 15 anos, em operação que reforça o caixa. Já a Axia Energia (antiga Eletrobras) adquiriu o controle da hidrelétrica Três Irmãos por R$ 247 milhões, movimento que amplia sua presença no setor elétrico.
No agronegócio, a receita com vendas de máquinas agrícolas caiu 1,8% em setembro, segundo a Abimaq, reflexo do aperto no crédito e da cautela dos produtores diante do cenário de custos elevados. O Banco do Brasil confirmou restrições de financiamento a empresas do setor em recuperação judicial, endurecendo as condições de crédito rural.
Lá fora, o destaque ficou com o Federal Reserve, que mesmo diante do chamado “apagão de dados” dos EUA, reduziu a taxa básica em 0,25 ponto percentual, sinalizando que novos cortes não estão garantidos. O presidente Jerome Powell reforçou a postura de cautela, indicando que as próximas decisões dependerão da evolução da inflação e do mercado de trabalho. O Banco Central do Canadá também cortou juros para 2,25%, afirmando que a inflação no país já está próxima da meta.
No universo corporativo global, a Meta, dona do Instagram e WhatsApp, registrou queda de 83% no lucro do trimestre, frustrando o mercado e derrubando suas ações em quase 8% no after market. Já a OpenAI se prepara para um IPO que pode avaliar a companhia em até US$ 1 trilhão, dobrando sua avaliação obtida nesta mesma semana após novo aporte da Microsoft.
A Nvidia segue escrevendo seu próprio capítulo na história do mercado financeiro: tornou-se a primeira empresa do mundo a atingir US$ 5 trilhões em valor de mercado, impulsionada pela demanda contínua por chips de inteligência artificial. Enquanto isso, o Uruguai foi apontado como o país latino mais adaptado ao trabalho remoto, e o endividamento das famílias brasileiras subiu para 48,9% em agosto, mostrando que o crédito ainda pesa no orçamento das famílias.
Entre cortes de juros, lucros frustrados e o fantasma da escassez de chips, o mercado fecha a semana dividido entre o otimismo monetário e a prudência industrial