A terça-feira começou movimentada nos mercados, com o Ibovespa encerrando o pregão em alta de 0,33%, ampliando o ganho mensal para 3,84%. MRV liderou as altas do dia, subindo 3,94%, enquanto CSN Mineração recuou 6,26% e foi o destaque negativo. O volume atípico das negociações também chamou atenção, especialmente em TOTS3, que operou com mais de quatro vezes o volume médio diário, seguida por ENEV3 e CPLE5.
No ambiente corporativo e tributário, um estudo de caso ganhou repercussão ao ilustrar como uma estratégia bem estruturada pode evitar prejuízos significativos diante das mudanças anunciadas para 2026. Um empresário, preocupado com a tributação de dividendos acima de R$ 50 mil mensais, buscou alternativas para distribuir lucros acumulados sem comprometer o caixa da empresa. A solução encontrada foi a criação de uma operação de crédito que permitiu aos sócios aplicar o montante distribuído em uma LCA de um grande banco, pagando 100% do CDI, isenta de Imposto de Renda e com risco reduzido. Na prática, o retorno equivalente seria o de um CDB de aproximadamente 121% do CDI — algo impossível de encontrar no varejo. A operação ainda garantiu que a empresa não comprometesse capital de giro e pudesse deduzir juros, por estar no regime de Lucro Real. É um exemplo emblemático de como criatividade financeira e planejamento podem neutralizar impactos tributários sem sacrificar a saúde do negócio.
A arrecadação federal de outubro também surpreendeu positivamente, atingindo R$ 261,9 bilhões — um recorde histórico. No setor energético, a Iberdrola anunciou uma oferta pública de aquisição de R$ 6,5 bilhões pela Neoenergia, enquanto, no futebol europeu, o Real Madrid avalia vender até 5% de participação para testar seu valuation em meio à onda global de investimentos no setor esportivo.
Outro destaque internacional foi a desistência da BHP em adquirir a Anglo American. A mineradora australiana afirmou que seu foco agora está em crescimento orgânico, deixando de lado a potencial megafusão que vinha sendo acompanhada de perto pelos mercados. No universo das criptomoedas, o fundo Strategy, liderado por Michael Saylor, registrou seu segundo pior mês da história.
No cenário político brasileiro, a tensão subiu novamente. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Motta), e do Senado, Davi Alcolumbre, romperam com líderes do governo no Congresso, aprofundando a crise institucional já agravada pela discussão da nova PL Antifacção. A fricção se ampliou após críticas ao ministro Bessias, recém-indicado ao STF. No setor de investimentos públicos, o BNDES anunciou que selecionará cinco ETFs para receber aportes de R$ 1 bilhão, buscando diversificação em renda fixa, ações e estratégias híbridas.
O Banco Central continuou sinalizando preocupação com a inflação, com o diretor Gabriel Galípolo afirmando que o atual nível ainda está acima do desejado e defendendo a manutenção dos juros em patamar restritivo. Já a Polícia Federal trouxe novos desdobramentos sobre o caso BRB-Master, afirmando que houve “falha total” nos controles e que os R$ 12,2 bilhões recuperados só foram devolvidos devido à “boa vontade” do Master — uma revelação que intensifica a pressão sobre os envolvidos.
No Executivo, o vice-presidente Geraldo Alckmin admitiu que poderá enviar uma nova Medida Provisória do tarifaço caso a atual perca validade, enquanto o mercado brasileiro recebeu a notícia de que a marca Feastables, do maior youtuber do mundo, desembarca no país.
No setor agropecuário, o endividamento rural avança e agricultores arrendatários acumulam prejuízos, segundo relatório do Banco Central. As exportações brasileiras também sentiram o impacto da tarifa punitiva imposta pelos Estados Unidos, que custou ao agro US$ 240 milhões. A BRF, por sua vez, anunciou a emissão de até R$ 2,375 bilhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), reforçando seu caixa em meio a um cenário de crédito mais seletivo.
No panorama internacional, as ações da Novo Nordisk despencaram após o Ozempic falhar em testes relacionados ao tratamento de Alzheimer — um baque significativo para uma empresa que já vinha sofrendo queda de 70% desde o ápice do entusiasmo global com as canetas emagrecedoras no ano passado. A Apple também enfrentou desafios: as vendas do novo iPhone ultrafino ficaram abaixo do esperado, levando a empresa a reduzir pela metade seus planos de produção, segundo estimativas da IDC.