O mercado brasileiro e internacional finalizou a semana com uma série de acontecimentos relevantes — alguns esperados, outros surpreendentes — que ajudam a compor o quadro econômico e político para os próximos meses. A seguir, um panorama completo, organizado por temas, para facilitar seu entendimento.
Brasil: tensões corporativas, decisões políticas e movimentações industriais
A semana foi marcada por novidades importantes no universo corporativo. No México, a Braskem Idesa — joint venture da Braskem — não pagou cupons de dívida e entrou em período de carência, medida tomada para evitar um default imediato. Um detalhe curioso chamou atenção do mercado: o controlador da Idesa é Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo, e há rumores de que ele estaria comprando títulos em circulação para aumentar sua participação no negócio.
No ambiente jurídico, os gastos continuam impressionantes: só Master e controlador desembolsaram mais de R$ 500 milhões em honorários advocatícios. O comentário recorrente no mercado continua fazendo sentido: empresas brasileiras podem ir e vir — mas advogados nunca deixam de prosperar.
Ainda no setor industrial, uma novidade relevante: a Stellantis vai produzir no Brasil os carros da chinesa Leapmotor, empresa fundada em 2015 e ainda pouco conhecida por aqui. O país será o primeiro fora da China a fabricar modelos da marca, reforçando o movimento de montadoras chinesas acelerando presença global via parcerias estratégicas.
No campo político, o presidente Lula indicou Jorge Messias para a vaga de Barroso no STF, escolha que enfrenta resistência no Senado. Davi Alcolumbre, por sua vez, já prepara uma pauta desafiadora para colocar pressão no processo.
Também no ambiente financeiro, o presidente do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) afirmou que os reembolsos referentes ao caso Master devem começar em 2025, trazendo algum horizonte temporal para investidores impactados.
Agro: alívio tarifário e movimentações regulatórias
O setor agroexportador brasileiro recebeu uma boa notícia: o governo Trump anunciou a retirada das tarifas de 40% sobre café, suco de laranja e carne bovina do Brasil, medida que tende a beneficiar produtores e exportadores desses segmentos.
Ao mesmo tempo, no setor de energia e combustíveis, o fundador da Inpasa solicitou ao Cade autorização para continuar investindo na Vibra, movimento que pode reconfigurar participações no setor.
Mundo: empregos nos EUA, volatilidade nas Bolsas e corrida por negócios estratégicos
Nos Estados Unidos, o mercado de trabalho surpreendeu: foram criados 119 mil postos de trabalho em setembro, acima do esperado, mas, paradoxalmente, a taxa de desemprego subiu para 4,4%. O resultado mexeu com o humor dos investidores. A Nasdaq, que abriu em alta de +2%, virou fortemente e fechou em queda de –2,38%, refletindo a redução das chances de corte de juros nas próximas reuniões do Federal Reserve.
Na Europa, duas gigantes da aviação — Lufthansa e Air France-KLM — demonstraram interesse em adquirir parte da TAP, recentemente privatizada pelo governo português. Vale lembrar que a TAP já havia sido privatizada em 2015, quando foi vendida para o consórcio liderado por David Neeleman, fundador da Azul. A pandemia, porém, mudou o cenário e a companhia acabou sendo resgatada pelo governo.
Na América do Sul, a Argentina registrou superávit comercial de US$ 800 milhões em outubro, número acima das expectativas e um alívio para a economia local.
Outro movimento interessante no cenário global é o aumento dos investimentos de famílias bilionárias no setor de defesa, impulsionado pelo avanço das tensões geopolíticas em várias regiões do mundo.