O Ibovespa encerrou a quinta-feira praticamente estável, com leve alta de +0,03%, acumulando +2,54% no mês. O pregão foi marcado por volatilidade, reflexo das incertezas externas e das discussões sobre política monetária no Brasil. A maior alta ficou com Rede D’Or (RDOR3), que subiu +8,36%, enquanto Minerva (BEEF3) desabou -13,48%, liderando as perdas. Entre os papéis com volume atípico, destaque para BEEF3 (5,60x a média, -13,48%), SMFT3 (4,96x, -4,59%) e RDOR3 (4,53x, +8,36%).
A sexta-feira começou com notícias que movimentaram o mercado. A Petrobras anunciou o pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos, reforçando o papel da estatal como uma das principais fontes de retorno para investidores da bolsa brasileira. O pagamento, ainda que comemorado, reacende debates sobre o equilíbrio entre distribuição de lucros e investimentos estratégicos — especialmente diante das discussões sobre a política de transição energética da empresa.
Outra boa notícia veio do mercado internacional de capitais: o Brasil captou US$ 2,25 bilhões em títulos sustentáveis no exterior. A emissão mostra o apetite global por papéis verdes e ocorre em um momento em que o país tenta fortalecer sua imagem às vésperas da COP30, que será realizada em Belém. Como brincou o próprio Bruno: “Tem que aproveitar a COP pra alguma coisa, né?”.
No campo fiscal, economistas projetam que a ampliação da faixa de isenção do IR pode gerar um impacto positivo de até 0,6 ponto no PIB, estimulando o consumo das classes média e baixa. Enquanto isso, as discussões sobre o modelo híbrido do Nubank — que abandonará o home office a partir do próximo ano — e a suspensão da bet da Caixa, após cobrança do presidente Lula, dominaram o noticiário corporativo.
No Agro, o movimento foi de reestruturação. A SLC Agrícola anunciou um acordo de R$ 1 bilhão com um investidor estrangeiro para ampliar projetos de irrigação na Bahia, mirando produtividade e sustentabilidade. Já a BrasilAgro registrou prejuízo crescente, pressionada por perdas na cana e pela ausência de vendas de fazendas. E o governo de Mato Grosso pediu a falência do “Rei do Algodão”, num episódio que expõe as tensões financeiras no setor.
No cenário internacional, as manchetes se dividiram entre IA e Elon Musk. O CEO da Nvidia afirmou que a China vai liderar a corrida da inteligência artificial, impulsionada por energia barata e regulamentação flexível — um eufemismo para “menos restrições de privacidade”. Já os acionistas da Tesla aprovaram o maior pacote de remuneração da história corporativa, avaliado em quase US$ 1 trilhão para Elon Musk.
Os gatilhos para que Musk receba o valor são, no mínimo, ambiciosos: a Tesla precisaria saltar de US$ 1,5 trilhão de valor de mercado para US$ 8,5 trilhões em até 10 anos, além de vender 10 milhões de veículos e operar 1 milhão de carros autônomos.
Fechando o noticiário global, as ações do SoftBank voltaram a cair forte, pressionadas por novas dúvidas sobre o valuation de startups de IA na Ásia — um sinal de que, mesmo na era da inteligência artificial, a realidade ainda é quem dita o preço.