A segunda-feira começou com movimentos intensos no mercado financeiro brasileiro e internacional. No Brasil, o dia foi marcado por uma importante operação no setor de saneamento: a Sabesp anunciou a compra do controle da Emae por R$ 1,1 bilhão, superando a oferta do investidor Nelson Tanure — disputa que agora deve se estender para a esfera judicial. A notícia agitou o mercado, ao mesmo tempo em que outras forças atuavam na renda variável, com destaque negativo para a Ambipar. As ações da companhia despencaram após bancos iniciarem a venda dos papéis recebidos como garantia de empréstimos, resultando em uma queda acumulada de 90% nos últimos dez dias — um verdadeiro massacre para os investidores. A aversão ao risco também se refletiu em uma expressiva saída de capital: investidores institucionais fizeram, em setembro, a maior retirada mensal de recursos da B3 em mais de um ano, reforçando o movimento de migração para a renda fixa. Em meio a esse cenário de volatilidade, um dado positivo trouxe algum alívio: a produção industrial brasileira registrou alta de 0,8% em agosto, após quatro meses consecutivos sem crescimento.
No cenário político e econômico doméstico, outras questões chamaram atenção. O presidente Lula voltou a criticar a taxa Selic, atualmente em 15%, defendendo cortes mais agressivos nos juros para impulsionar a atividade. Já no campo eleitoral, aliados de Jair Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente teria dado aval à candidatura de Tarcísio de Freitas ao Planalto, tendo Michelle Bolsonaro como possível vice. Enquanto isso, o setor agropecuário enfrentou desafios e oportunidades: uma pausa temporária de 48 horas nas taxas de exportação resultou em vendas recordes de grãos na Argentina, e, apesar do aumento nos custos e da queda nas commodities que deterioraram a relação de troca no campo, o café se destacou como exceção positiva.
No exterior, os mercados enfrentaram incertezas adicionais com o início do shutdown nos Estados Unidos, que causou um verdadeiro “apagão” de dados econômicos e deixou investidores às cegas. Informações cruciais, como o payroll — relatório de empregos que costuma influenciar decisões de política monetária no mundo todo — não foram divulgadas, adicionando pressão aos mercados. A tensão política também chegou ao setor de tecnologia: a Apple foi obrigada a remover aplicativos que alertavam sobre a presença de agentes de imigração, após pressão do governo americano, que alegou riscos à segurança. No mercado de capitais global, a Índia continuou sua trajetória ascendente e se consolidou como o quarto maior mercado de IPOs em 2025, movimentando US$ 11,2 bilhões no ano.
Esse conjunto de eventos mostra um mercado que entra na nova semana cercado de volatilidade, com investidores divididos entre oportunidades pontuais — como a expansão no setor de saneamento e o avanço industrial — e riscos estruturais, desde a fragilidade de empresas altamente alavancadas no Brasil até a incerteza sobre os rumos da economia americana em meio ao impasse político.